“Fui presa em casa junto com meus irmãos e meu namorado na época, que era uruguaio. Fugi depois não por fugir, mas por causa do uruguaio que estava irregular no Brasil e não teria como comprovar ao país que estava aqui”. “Quando chegávamos na delegacia, uma equipe de televisão estava filmando e o delegado disse que eu tinha cara de anjo mas que era diabólica, eu cuspi na cara dele e lá dentro fui queimada, espancada”.
“Eu jamais cheguei a dizer alguma coisa, denunciar meus companheiros e, por isso, eles me prenderam numa jaula dentro do quartel de Tejipió durante 30 dias, 15 num subterrâneo escuro e 15 na floresta do quartel, ao relento, nua e sendo alimentada com meio pão e meio copo de água. Cheguei a pesar 23 kg devido a essas torturas.”
Sylvia Montarroyos, primeira mulher torturada em cárceres do regime militar, presa por pertencer ao movimento de resistência, Partido operário revolucionário trotskista- PORT.
“Não existe explicação lógica para o que sofri. Os médicos dizem que é um milagre eu estar viva”.
(Trechos do depoimento prestado a Comissão Estadual de Memória e Verdade de Pernambuco).